NEFROPATIA HNF1B

DEFINICAO DA DOENCA

O QUE É O HNF1B?

HNF1B significa fator nuclear de hepatócitos-1 beta. Tratase de uma proteína que regula a função de outros genes e proteínas, participando assim no desenvolvimento de vários órgãos do corpo humano, como os rins, o fígado, os canais biliares, o pâncreas e o trato urogenital.

O HNF1B é essencial para o desenvolvimento e a função desses órgãos e uma variante anormal do HNF1B pode perturbar a função ou o desenvolvimento de um ou mais desses órgãos. Muito raramente o desenvolvimento de todos esses órgãos é anormal, podendo ocorrer diferenças e gravidade variável dos sinto- mas na mesma família e em pessoas que têm a mesma variante do HNF1B.

As anomalias (variantes) de um gene específico, denominado gene do fator de transcrição nuclear do hepatócito 1-beta (HNF1B), dão origem a uma proteína que regula a função de muitos outros genes e participa assim no desenvolvimento de numerosos órgãos, incluindo:

- os rins
- o pâncreas
- o sistema reprodutor
- o fígado

No rim, o HNF1B é necessário para as etapas essenciais do desenvolvimento renal com a padronização do nefrónio (o nefrónio é uma unidade funcional e estrutural básica do rim) e a segmentação do rim. A ausência do fator de transcrição resulta em unidades funcionais rudimentares, sem túbulos maduros, o que resulta em perturbações das funções tubulares e na ocorrência frequente de quistos renais. Muito raramente, o desenvolvimento de todas as estruturas renais acima referidas é afetado e as alterações podem também ser de gravidade variável. Isto explica o facto de a mutação HNF1B não ser responsável apenas por um padrão de doença específico, nem por uma doença renal específica.

► As manifestações extra-renais consistem em diabetes MODY 5, perturbações do desenvolvimento neurológico, malformações do trato genital, gota (que se deve a um nível anormalmente elevado de ácido úrico no sangue, ver abaixo) e enzimas hepáticas elevadas.

Nota: A explicação de algum vocabulário encontra-se abaixo ou no glossário.

A variante anormal do HNF1B foi originalmente descrita como síndrome dos quistos renais e diabetes (RCAD), uma vez que os quistos renais (presentes em 60% de todos os doentes) e a diabetes de início da juventude (MODY5) (40% de todos os doentes) são comuns nestes doentes. Além disso, são comuns os distúrbios eletrolíticos devidos a perturbações das funções tubulares. A função renal está comprometida em aproximadamente metade das crianças e adultos e pode progridir para insuficiência renal em 12% dos casos. No entanto, a doença tem uma apresentação variável e nem todos os doentes sofrem de quistos renais ou de diabetes.

O QUE É A NEFROPATIA POR HNF1B?

A nefropatia HNF1B é o “termo genérico” que inclui os vários fenótipos renais da doença, que vão desde anomalias anatómicas como as anomalias congénitas do crónica túbulo-intersticial e cística, todas elas devidas a alterações no gene HNF1B.

O que é típico é o grau variável de comprometimento dos rins e um declínio lentamente progressivo da função renal.

A nefrite túbulo-intersticial típica é caraterizada por alterações pouco significativas
no exame de urina,
- insuficiência renal lentamente progressiva e
- a biópsia renal
- quando efetuada, confirma um quadro de fibrose intersticial e atrofia tubular

Outras alterações típicas são:
- ​​​​​​​hiperuricemia - um nível elevado e anormal de ácido úrico no sangue e
- gota - doença causada por níveis persistentemente elevados de ácido úrico no sangue, uma vez que o ácido úrico cristaliza e os cristais se depositam nas articulações, tendões e tecidos circundantes, resultando num ataque de gota (articulações vermelhas, sensíveis, quentes e inchadas).

Um fenótipo semelhante é normalmente encontrado em doentes com variantes heterozigóticas dos genes UMOD, MUC1 e REN, causando uma forma autossómica dominante de nefrite túbulo-intersticial.

Por este motivo, a nefropatia por HNF1B é atualmente classificada como fazendo parte do grupo de doenças denominadas doença renal tubulointersticial autossómica dominante (ADTKD), juntamente com as mutações ADTKD-UMOD, ADTKD-MUC1, ADTKD-REN e ADTKD-SEC61A1, mas, além disso, e não raramente, o termo “ADTKD” limitase apenas aos casos relacionados com HNF1B em que a fibrose túbulo-intersticial é a principal manifestação confirmada.

A doença renal túbulo-intersticial autossómica dominante
constitui um grupo de doenças que cursam com a presença de alterações inespecíficas na análise de urina, doença renal crónica lentamente progressiva (DRC) e hereditariedade autossómica dominante (ver abaixo).

Estas doenças são caracterizadas por:
- herança autossómica dominante (ver abaixo)
- proteinúria ausente ou pouco significatica (ver no glossário)
- progressão lenta da disfunção renal
- rins normais ou de pequenas dimensões na ecografia
- perda da capacidade de concentração renal (concentração da urina)
- anomalias microscópicas das estruturas renais (túbulos) e do tecido circundante (lesões “túbulo-intersticiais”).

 

► As anomalias encontradas nos rins e no trato urinário, bem como noutros órgãos, são explicadas pelo importante papel do HNF1B durante o desenvolvimento embrionário dos órgãos. No entanto, os sintomas causados pelas variantes do HNF1B variam muito. Alguns doentes apresentam alterações nos rins à nascença, enquanto alguns indivíduos só são diagnosticados acidentalmente após os 40 anos de idade. Em geral, a nefropatia por HNF1B nas crianças está associada a um curso lentamente progressivo no que respeita à perda da função renal.


GENÉTICA E HEREDITARIEDADE DA NEFROPATIA HNF1B

A nefropatia HNF1B é uma doença genética rara cuja frequência não foi determinada com exatidão (provavelmente 1 em 50.000/80.000 pessoas).

A doença é herdada de forma autossómica dominante, o que significa que basta uma cópia afetada do gene para que surjam os sintomas da doença. Assim, os descendentes de um doente que sofra desta doença têm 50% de hipóteses de herdar e desenvolver a doença.

No entanto, até 50 % dos casos são causados por variantes “de novo” no gene HNF1B, o que explica a ausência de história familiar em muitos doentes.
A chamada variante “de novo” significa que a variante invulgar não foi transmitida por nenhum dos pais (ambos os pais têm um gene normal), mas a alteração/variante genética na criança ocorre espontaneamente durante o processo de desenvolvimento.

Além disso, observou-se que as variantes do gene HNF1B são frequentemente acompanhadas por anomalias de pelo menos 14 outros genes na mesma área cromossómica. Este fenómeno é conhecido como síndrome de 17q12. Síndrome de MICRODELEÇÃO. Os sintomas que ocorrem, especialmente os sintomas neurológicos, são vistos apenas no contexto desta síndrome de microdeleção, não estão diretamente relacionados com a variante do gene HNF1B, mas com a deleção de alguns outros genes localizados nesta área do cromossoma 17 (ver mais sobre isso abaixo em SINTOMAS).

SABIA QUE?

O corpo humano é constituído por milhões de células. A maioria das células contém um conjunto completo de genes. Os genes funcionam como um conjunto de instruções para a produção de proteínas, as verdadeiras ferramentas de uma célula, que controlam o nosso crescimento e o funcionamento do nosso corpo. Os genes são responsáveis por muitas das nossas características, como a cor dos olhos ou a nossa altura, mas também determinam algumas doenças quando afetados/mutados.
Os genes encontramse no interior de estruturas filamentosas chamadas cromossomas. Os cromossomas, e consequentemente os genes, são constituídos por uma substância química chamada ADN (ácido desoxirribonucleico). Cada pessoa tem 46 cromossomas na maioria das células. Os cromossomas são herdados dos pais, 23 da mãe e 23 do pai. Assim, cada pessoa tem 2 conjuntos completos de 23 cromossomas ou 23 “pares”. Como os cromossomas contêm muitos genes, cada indivíduo herda 2 cópias do mesmo gene, uma cópia de cada progenitor. Esta é a razão pela qual os indivíduos têm frequentemente características semelhantes às de ambos os progenitores. Infelizmente, um gene afetado/mutado pode ser herdado pela descendência.

Se uma criança herda uma cópia saudável de um gene e uma cópia afetada de um gene dos pais, e a cópia afetada é considerada mais forte, trata-se de uma herança autossómica dominante. A cópia anormal dominará o gene normal, pelo que uma cópia afetada será suficiente para desenvolver a doença, como acontece na síndrome de Marfan, na neurofibromatose tipo 1 ou também na nefropatia HNF1B.


Se uma criança herdar dos pais uma cópia afetada de um gene e uma cópia normal do mesmo gene, mas a cópia afetada for mais fraca, tratase de uma herança autossómica recessiva. A cópia afetada será dominada pelo gene normal. São necessárias duas cópias afetadas do gene para desenvolver a doença; assim, a doença só se manifesta quando duas cópias afetadas são transmitidas à descendência, como no caso da síndrome de Bardet Biedl, da hiperoxalúria primária tipo 1 ou da doença renal poliquística autossómica recessiva (DRPAR).

A doença irá afetar outros membros da família?

Uma vez que apenas uma cópia afetada de um determinado gene é suficiente para a ocorrência dos sintomas da doença (ver acima), a probabilidade de a doença ocorrer noutro membro da família é muito maior do que no caso de doenças herdadas de forma recessiva. O descendente de uma pessoa com a variante HNF1B tem 50% de hipóteses de herdar esta variante e a doença.

Os sintomas da doença ocorrem com uma variabilidade muito elevada, mesmo dentro da mesma família, e a evolução ligeira da doença num membro da família não garante o mesmo quadro clínico no seu descendente.
Além disso, a penetrância incompleta é comum: por exemplo, um membro da família com a variante do gene HNF1B pode ter DRC, diabetes e gota; um segundo membro da família com a mesma variante pode ter um rim solitário e um terceiro pode ser assintomático.

Nota:
Os doentes que desejam ter filhos devem receber aconselhamento genético. O conhecimento da variante do HNF1B na família pode permitir o rastreio pré-natal, caso os pais queiram saber no início da gravidez se o feto é portador da variante do gene HNF1B. No entanto, ao detetar a variante, não é possível prever o tipo defenótipo que daí resultará: a variabilidade clínica e a penetrância incompleta são as características das alterações do gene HNF1B.
Quando a variante HNF1B é identificada, também é possível efetuar um teste genético nos outros membros da família.
Pode também valer a pena rastrear os pais dos doentes afetados, uma vez que podem apresentar fenótipos mais ligeiros que ainda não foram detetados anteriormente.
Como mencionado antes, os doentes afetados são frequentemente portadores de uma variante de novo, pelo que não serão encontrados outros membros da família portadores desta variante do gene HNF1B , mas o descendente da pessoa afetada pode herdar a variante.


SINTOMAS

Nefropatia por HNF1B é reconhecida como uma doença com múltiplas manifestações extrarrenais, apenas uma minoria de casos apresentará apenas manifestações renais. Os doentes apresentam tipicamente anomalias renais, como quistos renais e displasia renal, associadas à diabetes mellitus devido à atrofia pancreática e também possíveis malformações genitais, bem como a ocorrência de enzimas hepáticas elevadas e algumas outras anomalias laboratoriais, como um nível elevado de ácido úrico ou um nível baixo de magnésio.

O espetro da gravidade da doença e dos sintomas pode variar muito, desde a diabetes MODY isolada (ver abaixo) ou o envolvimento renal isolado até à doença multiorgânica. Uma vez que o HNF1B é expresso predominantemente no fígado, intestino, pâncreas, rins e trato urogenital, a ocorrência de anomalias fenotípicas pode envolver todos estes órgãos.

As malformações renais com uma doença túbulo-intersticial parecem ser as manifestações mais comuns da doença renal. 

► Os doentes podem desenvolver doença renal crónica desde a infância; no entanto, a progressão gradual, a análise de urina pouco alterada e o declínio lento da função renal ao longo da idade adulta são uma caraterística da doença.

► A presença de hipomagnesemia (baixo nível de magnésio no sangue) é um critério preditivo importante para suspeitar da doença. Além disso, podem também estar presentes hipocaliemia (baixo nível de potássio no sangue), hipocalciúria (baixa excreção de cálcio na urina), hiperparatiroidismo (alto nível de paratormona no sangue) e alcalose metabólica (elevação do nível de pH do corpo, que se torna demasiado alcalino).

A doença acompanhase frequentemente de hiperuricemia e gota e pode também ser acompanhada de anomalias de outros órgãos (ver abaixo).
Os achados pouco característicos na urina, a ausência universal de hematúria e de excreção de proteínas na urina, a baixa prevalência de hipertensão e a insuficiência renal lentamente progressiva são as características desta doença.

Que tipo de anomalias renais podem ocorrer nesta doença?

As malformações renais e do trato urinário, bem como as anomalias túbulo-intersticiais com alguns defeitos no transporte tubular, constituem os principais riscos para a saúde e a vida dos doentes com nefropatia HNF1B.

No caso de variantes no gene HNF1B, os rins são os órgãos mais afetados. As alterações dos rins variam muito consoante a idade de reconhecimento.

No feto, os rins hiperecogénicos com tamanho normal ou ligeiramente aumentado são o fenótipo renal mais frequente.

Na infância, a nefropatia HNF1B é tipicamente caracterizada por anomalias anatómicas, como rins multiquísticos ou displásicos (ver abaixo), bem como doença renal crónica e uma série de outras manifestações extra-renais.

Nos adultos, o fenótipo renal é descrito com menos frequência e é normalmente caracterizado por doença renal crónica lentamente progressiva acompanhado de disfunção tubular.

A presença de hipomagnesemia (baixo nível de magnésio no sangue) é um critério preditivo importante para suspeitar da doença. Além disso, podem também estar presentes hipocaliemia (baixo nível de potássio no sangue), hipocalciúria (baixa excreção de cálcio na urina), hiperparatiroidismo (alto nível de paratormona no sangue) e alcalose metabólica (elevação do nível de pH do corpo, que se torna demasiado alcalino).

A doença acompanhase frequentemente de hiperuricemia e gota e pode também ser acompanhada de anomalias de outros órgãos (ver abaixo).


► Os achados pouco característicos na urina, a ausência universal de hematúria e de excreção de proteínas na urina, a baixa prevalência de hipertensão e a insuficiência renal lentamente progressiva são as características desta doença.

Malformações dos rins e das vias urinárias e quistos renais

Durante as ecografias prénatais de rotina, é possível detetar algumas alterações nos rins do bebé. Estas alterações incluem o aumento do brilho e a presença de quistos ou anomalias na estrutura dos rins. Os rins podem ser pequenos ou de tamanho normal, e apresentar hipoplasia bilateral (rins pequenos) ou displasia (tecido renal incorretamente desenvolvido) com ou sem quistos (cavidades cheias de líquido).

Tanto os rins hiperecogénicos bilaterais isolados como a displasia quística no período prénatal podem ser altamente indicativos de nefropatia por HNF1B, sendo fortemente encorajada a realização de um diagnóstico pósnatal para estes recémnascidos, incluindo uma ecografia renal nos pais.

A displasia renal pode estar associada a outras anomalias do trato urinário, incluindo obstrução da junção ureteropélvica (estenose sub-pélvica) e ureterocelo que podem levar a hidronefrose (ver abaixo) e a infeções do trato urinário (ITU) recorrentes. Podem também ser observados rins em ferradura ou ectopia renal cruzada com mal posicionamento dos rins.
As anomalias do trato urinário podem ser detetadas acidentalmente, mas também podem predispor a infeções do trato urinário, bem como ao declínio da função renal ao longo da infância.

SABIA QUE?

Quisto renal - é uma coleção redonda de líquido que se forma dentro ou sobre o rim. Existem vários tipos de quistos, que podem alterar a estrutura do rim e causar perda da função renal. Os quistos renais são a caraterística mais frequentemente detetada na nefropatia associada ao HNF1B. Os quistos são geralmente pequenos e podem derivar de qualquer segmento do nefrónio (unidade funcional microscópica do rim), incluindo os glomérulos. Os quistos renais são um achado comum em doentes adultos, mas raros em crianças.

Pode saber mais sobre as estruturas dos rins e possíveis malformações aqui.

Distúrbios eletrolíticos devidos a anomalias do transporte tubular

Uma vez que o HNF1B é importante não só para o desenvolvimento da estrutura renal, mas também para a manutenção dos túbulos renais funcionais, o aparecimento de anomalias da função tubular é frequente desde a infância. 
Podem apresentarse como sede aumentada, capacidade de concentração da urina diminuída e desequilíbrio dos eletrólitos. Os primeiros sintomas da ne- fropatia HNF1B podem também resultar de alterações progressivas dos eletrólitos, como a perda de magnésio e de potássio.

Sintomas de deficiência de potássio

 

problemas digestivos/constipação, cãibras musculares, fraqueza muscular, falta de concentração, palpitações cardíacas, contusão, depressão, formigueiro/entorpecimento nos braços e pernas, dificuldades respiratórias

Sintomas de deficiência de magnésio

espasmos e cãibras musculares, arritmia, fadiga, fraqueza muscular, irritabilidade e nervosismo, dores de cabeça, incapacidade de dormir, desequilíbrio hormonal, perturbações mentais

► As perturbações do transporte tubular, incluindo a perda renal de magnésio e de potássio, afetam cerca de 50% das crianças com variantes do HNF1B e podem aparecer precocemente na vida.


 

O HNF1B regula a expressão de canais e transportadores em todos os segmentos do nefrónio. O HNF1B regula os genes alvo envolvidos no manuseamento do sal, mas também é necessário para o desenvolvimento do nefrónio, e a ausência do fator de transcrição resulta em nefrónios rudimentares sem secções maduras do túbulo.

 

A hipomagnesemia (magnésio sérico (Mg2+) <0,7 mmol/L) 

é o distúrbio eletrolítico mais comum em doentes com nefropatia HNF1B. Estimase que a penetrância deste sintoma varie entre 25 e 75% e é causada por hipermagnesiuria (aumento da perda de magnésio na urina) que se deve em parte ao controlo da expressão de outros genes pelo HNF1B no túbulo distal.

A hipocaliémia

resulta da perda tubular de potássio devido a uma perturbação do transporte tubular e persiste apesar do agravamento do declínio renal.

A hipocalciuria

é frequente em doentes com nefropatia HNF1B. A penetrância exacta da hipocalciuria é desconhecida porque o intervalo de referência para a excreção renal de cálcio (Ca2+) não tem um limite inferior geralmente estabelecido. No entanto, vários estudos demonstraram que os níveis de Ca2+ urinário são significativamente mais baixos em doentes com defeitos HNF1B.

Hiperuricemia

Os doentes com a variante HNF1B têm frequentemente níveis elevados de ácido úrico, o que pode levar a sintomas de gota numa idade precoce em ambos os sexos.

A gota

é um termo geral para uma variedade de condições causadas por níveis persistentemente elevados de ácido úrico no sangue, à medida que o ácido úrico cristaliza e os cristais se depositam nas articulações, tendões e tecidos circundantes, resultando num ataque de gota com articulações vermelhas, sensíveis, quentes e inchadas.

Nos doentes com displasia renal, a hiperuricemia desproporcionada em relação à função renal sugere fortemente a nefropatia HNF1B como causa subjacente.
A hiperuricemia (ácido úrico sérico >8 mg/dL) está presente em 20-30% de todos os doentes com nefropatia HNF1B. A causa da hiperuricemia nesta doença não é bem compreendida, mas parece ser uma consequência da disfunção túbulo-intersticial, especialmente da expressão do transportador renal de urato URAT1 nos túbulos, que é regulada pelo HNF1B. A gota pode ser o primeiro sinal clínico sugestivo da doença subjacente, especialmente quando ocorre na ausência de outros fatores de risco ou características fenotípicas típicas associadas à gota, como hipertensão, obesidade, diabetes, sexo masculino ou idade avançada. Em alguns doentes, a capacidade de concentração renal está perturbada. Este facto leva a poliúria. As perdas urinárias serão compensadas por uma maior ingestão de água, resultando em polidipsia.

SABIA QUE?

A principal função dos rins é eliminar o excesso de água e os resíduos do metabolismo do organismo através da produção de urina. Cada rim contém, em média, cerca de um milhão de nefrónios, cada um dos quais é constituído por um filtro (glomérulo) e um tubo chamado túbulo.
No glomérulo, a urina é formase através da filtração do sangue circulante. Estes filtros dos glomérulos são impermeáveis às células sanguíneas e às proteínas de grandes dimensões também presentes no sangue.
Os túbulos são necessários para reciclar as substâncias que foram filtradas nos glomérulos mas que são valiosas para o organismo, como a água, os eletrólitos (como o sódio, o cloreto, o potássio, o cálcio, o magnésio, o fósforo e muitos outros), a glicose, os aminoácidos e as proteínas. Também regulam o equilíbrio ácido-base. Estes processos são necessários para manter um equilíbrio estável das substâncias químicas do corpo.
Num adulto, os rins filtram cerca de 180 litros de água por dia, 99% da qual é reabsorvida nos túbulos, deixando cerca de 1,5 litros de urina final. Isto é possível graças ao facto de os túbulos renais terem um comprimento total de cerca 80 km!

Estes túbulos desempenham um papel muito importante no equilíbrio do organismo e são a estrutura com maiores necessidades energéticas do rim. O sistema tubular dos nefrónios está dividido em vários segmentos: túbulo proximal, ramo fino de Henle, ramo ascendente espesso de Henle, túbulo distal e ducto coletor. Os túbulos correspondem a 90% do córtex renal.
Os eletrólitos são minerais presentes no organismo. Têm um papel essencial na função nervosa e muscular, no equilíbrio do pH do sangue, na hidratação do corpo e participam na reconstrução dos tecidos danificados. Os mais importantessão o sódio, o cálcio, o cloreto, o fosfato, o potássio e o magnésio; encontram-se na corrente sanguínea, na urina e noutros fluidos corporais. O desequilíbrio doseletrólitos pode levar a perturbações graves.
A gota é um tipo de artrite causada pela formação de pequenos cristais dentro e à volta das articulações. Provoca ataques súbitos de dor intensa e inchaço das articulações. A gota ocorre em resultado de níveis elevados de ácido úrico no organismo que promovem a formação de cristais de urato. A deposição de cristais de urato nas articulações é responsável pela inflamação grave e pela dor intensa.

Doença renal crónica (DRC)

O grau de insuficiência renal varia muito entre os indivíduos afetados, podendo ir desde uma função normal até uma função significativamente reduzida já ao nascimento. Na maioria das vezes, há uma deterioração gradual da função renal, e a progressão da doença é bastante lenta durante o desenvolvimento da criança. A maior deterioração da função renal surge normalmente na idade adulta. Embora a doença progrida normalmente ao longo de vários anos, também é possível que ocorra uma progressão súbita e irreversível, levando à insuficiência renal e à necessidade precoce de tratamento de substituição dos rins (diálise ou transplante renal).
Apesar da prevalência da diabetes mellitus (ver abaixo), a chamada nefropatia diabética (lesão renal induzida pela diabetes) é extremamente rara em doentes com variantes do HNF1B.

A progressão para insuficiência renal crónica causada pela variante HNF1B, bem como o potencial desenvolvimento de nefropatia diabética, são geralmente determinados por uma série de outros fatores associados.

Mesmo no caso de uma doença renal grave e de uma função renal deficiente, os sintomas podem ser discretos, sobretudo quando a doença se desenvolve lentamente e o doente se adapta às alterações. Só com o passar do tempo, nas fases avançadas da doença, é que surgem sintomas de insuficiência renal, ou então quando ocorre uma queda súbita da função renal e o organismo não tem tempo para se adaptar.

Como se manifesta a doença renal crónica?

A doença renal é diagnosticada por análises ao sangue através da deteção da diminuição da chamada taxa de filtração glomerular (TFG) e do aumento do nível de creatinina. Os rins têm muitas funções: a eliminação de resíduos e fluidos extra, a regulação do equilíbrio ácido-base e dos eletrólitos e, além disso, a produção de substâncias importantes, como a eritropoietina (ver abaixo) e a vitamina D. A perda progressiva da função renal pode manifestar-se com diferentes sintomas relacionados com o declínio das diferentes funções renais:

Inchaço ou retenção de líquidos

Se a urina for excretada em quantidade insuficiente, acumulase líquido nos tecidos. Inicialmente, é mais visível o inchaço da parte inferior das pernas ou o inchaço da face, sobretudo após o repouso noturno.

A hipertensão

ou seja, a pressão arterial elevada, ocorre em consequência de um aumento da resistência vascular, bem como da retenção de água no organismo. A pressão arterial elevada, por sua vez, tem um efeito negativo na função renal e este círculo vicioso requer normalmente medicamentos para o evitar. A pressão arterial elevada pode ser tanto uma causa como uma consequência da doença renal crónica. Uma pressão arterial demasiado elevada danifica os pequenos vasos sanguíneos dos rins, provocando a destruição do tecido renal. Além disso, a hipertensão arterial persistente sobrecarrega o coração e danifica a parede dos vasos sanguíneos, provocando a aterosclerose. Os sintomas sugestivos de hipertensão incluem dores de cabeça, perturbações visuais, dores no peio, entre outros.

Sintomas gerais: normalmente só aparecem quando a taxa de filtração glomerular desce muito abaixo dos 20-30 mL/min (a taxa de filtração glomerular normal é de 80-120 mL/min) e incluem fadiga, náuseas, diminuição do apetite, deterioração geral do estado clínico, aumento da suscetibilidade às infeções. Outros sintomas de insuficiência renal avançada (ou seja, TFG inferior a 20-30 ml/min) podem incluir:

Anemia

devido à diminuição da produção renal de eritropoietina, que estimula a medula óssea a formar sangue novo. Os sintomas da anemia são a fadiga, a diminuição da forma física e da tolerância ao exercício, a palidez da pele e a suscetibilidade a infeções.

A desmineralização óssea

é o resultado da redução da síntese de vitamina D, do aumento da excreção urinária de fosfato e da desregulação secundária do metabolismo ósseo mineral. Pode levar a fraturas, deformações ósseas e perturbações do crescimento.

O baixo crescimento

resulta da desmineralização óssea, mas também da perda de apetite e da resistência dos tecidos à ação normal da hormona de crescimento.

Estágios da DRC e nível de função renal

A função renal é avaliada através da determinação da taxa de filtração glomerular estimada (TFGe), calculada a partir da creatinina, da idade, do sexo e da altura. Existem diferentes fórmulas para este cálculo, a atual e mais recomendada é a fórmula CKD-EPI de 2021, anteriormente era também utilizada a fórmula MDRD ou Cockcroft-Gault.
Nas crianças até aos 16 anos, a TFG é estimada utilizando a depuração da creatinina de Schwartz calculada a partir do valor da creatinina sérica e do comprimento do corpo: 

TFG = (0,43 x comprimento (cm))/creatinina sérica (mg/dL)

Dado que a creatinina sérica depende da massa muscular e, por conseguinte, é suscetível de erro (distrofia, baixa estatura, massa muscular reduzida), atualmente, podemos também determinar a TFG utilizando a cistatina C. Nas crianças, sempre que possível, o valor da TFG deve ser determinado usando ambos os marcadores – a creatinina e a cistatina C séricas, bem como o comprimento do corpo.

Os sintomas da variante HBF1B como resultado de uma função e desenvolvimento anormais do pâncreas.

O pâncreas é o segundo órgão mais frequentemente afetado em doentes com variantes do HNF1B. O pâncreas está localizado atrás do estômago, na parte superior esquerda do abdómen. Está rodeado por outros órgãos, incluindo o intestino delgado, o fígado e o baço. O pâncreas segrega hormonas para a corrente sanguínea e enzimas digestivas para o lúmen intestinal, pelo que é uma glândula endócrina e exócrina.
As anomalias do pâncreas observadas em doentes com variantes HNF1B envolvem a desregulação de ambas as funções: desregulação da secreção endócrina de insulina que causa o desenvolvimento de diabetes, bem como a perda da função exócrina que pode causar as chamadas fezes gordurosas, deficiência de absorçãode vitaminas e microelementos e perda de peso. As anomalias estruturais do pâncreas, como a atrofia e a hipoplasia, são observadas em cerca de 10% e 6% dos doentes, respetivamente.

MODY 5 Diabetes e insuficiência do pâncreas exócrino

A diabetes pode afetar 50-70% dos doentes com variantes HNF1B. Manifestase normalmente entre os 10 e os 40 anos de idade, mas pode ocorrer em qualquer idade. O pico de incidência ocor- re durante a puberdade e também durante a gravidez nas mulheres. A diabetes mellitus associada às variantes do HNF1B é classificada como MODY 5 (maturity-onset diabetes of the young).

A diabetes MODY 5 não tem sensibilidade aos medicamentos orais habitualmente utilizados nas fases iniciais da diabetes mellitus tipo 2, pelo que a maioria dos doentes passa rapidamente para o tratamento com insulina. O controlo dos níveis de glicose/açúcar no sangue é feito principalmente através da insulina, que é produzida pelo pâncreas. A insulina permite que a glicose seja transportada para as células e seja metabolizada como fonte de energia. Se o pâncreas não produzir insulina suficiente, o transporte da glicose para as células é prejudicado e desenvolvem-se sintomas de diabetes.

A tolerância diminuída à glicose e a diabetes mellitus raramente são observadas na infância, mas desenvolvem-se mais tarde na evolução clínica da doença HNF1B. No entanto, em determinadas circunstâncias, por exemplo, após um transplante renal com doses elevadas concomitantes de corticóides, tacrolimus ou ambos, a diabetes mellitus pode ser desmascarada em doentes com HNF1B, exigindo um tratamento específico e, frequentemente, uma alteração do regime de tratamento imunossupressor. A diabetes de início recente após o transplante é uma complicação grave que compromete a função do enxerto renal. Por conseguinte, o rastreio das variantes do HNF1B deve ser considerado antes do transplante em doentes com insuficiência renal causada por displasia renal (cística). Num subgrupo de doentes, a doença HNF1B pode manifestar-se primeiro como uma perturbação do metabolismo da glicose.

SABIA QUE?

A diabetes mellitus, vulgarmente conhecida como diabetes, é uma doença crónica de longa duração que provoca um nível de açúcar no sangue demasiado elevado e em que o açúcar não pode ser absorvido pelas células e utilizado como combustível. Pode ocorrer quando a produção de insulina não é suficiente ou quando a insulina não consegue atuar eficazmente. Existem diferentes tipos de diabetes, sendo o mais comum o tipo 2. Neste caso, a insulina não consegue funcionar corretamente.
Diabetes tipo MODY (Maturity Onset Diabetes of the Young) - é uma forma rara de diabetes mellitus (2-5% de todos os casos de diabetes) que ocorre em pessoas jovens. O início ocorre normalmente antes dos 25 anos de idade, com uma evolução relativamente ligeira e uma boa resposta ao tratamento com dieta e medicamentos orais. A resistência à insulina é pouco frequente.

A diabetes MODY ocorre no seio das famílias, frequentemente nas gerações seguintes, o que está subjacente à sua origem genética. A causa da doença é um defeito - variante de - um único gene responsável pela secreção de insulina pelas células beta do pâncreas. É herdada de forma autossómica dominante. A doença desenvolve-se independentemente do género (não está relacionada com o sexo). Até à data, são conhecidos 14 tipos diferentes de MODY associados a variantes em diferentes genes. Para além do início em idade jovem, a diabetes MODY difere da diabetes mellitus tipo 2 porque afeta indivíduos magros (não está associada à obesidade), tem uma evolução clínica ligeira e, na maioria dos casos, tem uma boa resposta à terapêutica com medicamentos orais.

A diabetes MODY é frequentemente acompanhada por sintomas adicionais e manifestações de diferentes órgãos, o que facilita o seu diagnóstico. Um sintoma comum é uma diminuição do limiar renal para a reabsorção de glicose, que resulta no aparecimento de glicose na urina (normalmente a glicose está ausente na urina), mesmo com uma concentração normal de glicose no sangue.

A diabetes MODY tem frequentemente um início insidioso. Um sinal típico é um nível elevado de glucose em jejum, mas os sintomas comuns são também fadiga, sonolência excessiva, sede excessiva e poliúria, falta ou excesso de apetite e perda de peso. Devido à idade jovem do doente, suspeita-se frequentemente de diabetes de tipo 1, mas não são encontrados auto-anticorpos no sangue. Ao contrário da diabetes de tipo 1, o início dos sintomas na diabetes MODY é gradual (a diabetes de tipo 1 tem normalmente um início súbito) e existe uma probabilidade de 50% de desenvolver a doença quando pelo menos um dos pais é afetado (na diabetes de tipo 1 é muito menor). A ausência de obesidade e o impacto mínimo dos fatores ambientais na doença distinguem a diabetes MODY da diabetes de tipo 2.

A variante HNF1B pode afetar outros órgãos?

fígado

Foi detetada uma atividade elevada das enzimas hepáticas em 13-40% dos doentes, mas existe um elevado grau de variabilidade entre os diferentes estudos. Os resultados da ecografia hepática parecem ser normais na maioria dos casos relatados até agora. As anomalias do trato genital resultantes da aplasia do ducto mülleriano e da falha na fusão dos ductos müllerianos são muitas vezes descritas em doentes com variantes do HNF1B.

Órgãos reprodutores

Em geral, as malformações do trato genital são um achado inconsistente. No entanto, quando são combinadas com anomalias renais, a análise da variante HNF1B parece ser aconselhável.

  • As anomalias dos órgãos reprodutores são frequentemente encontradas em mulheres afetadas, por exemplo, o desenvolvimento anormal do útero (por exemplo, útero bicórnio).

Estas perturbações podem causar dificuldades em engravidar e em chegar ao fim da gravidez. No entanto, a estrutura atípica do útero nem sempre impede o bom desenvolvimento da gravidez, podendo também permitir uma descendência saudável.
Estas anomalias são normalmente diagnosticadas através de ecografia.
Por vezes, anomalias genitais como o criptorquidismo ou a hipospádia também são observadas em rapazes com variantes HNF1B (ver abaixo a explicação destes termos).

Síndrome de microdeleção 17q12

Cerca de metade dos doentes com variantes do HNF1B apresentam deleção de mais do que um gene na região do cromossoma 17q12, que engloba o gene HNF1B e, pelo menos, 14 genes adicionais. A deleção do 17q12 tem penetrância incompleta e a sua expressividade é altamente variável, indo desde anomalias graves, levando à insuficiência renal antes do nascimento, até problemas leves ou inexistentes. Embora 70% das deleções ocorram de novo, foram registados casos em que a deleção foi herdada de um progenitor assintomático. 

Esta microdeleção 17q12, para além dos sintomas que ocorrem devido a variantes do HNF1B, também tem sido associada a um risco acrescido de perturbações do desenvolvimento neurológico, como o autismo. Algumas pessoas com síndrome de deleção 17q12 têm convulsões e/ou anomalias dos olhos, fígado, cérebro, genitais ou outros sistemas. A síndrome de microdeleção 17q12 também é herdada de forma autossómica dominante. As pessoas com microdeleções 17q12 têm um fenótipo facial caraterístico, embora subtil e normalmente não óbvio na vida quotidiana. A macro- cefalia é comum, juntamente com sobrancelhas altas e arqueadas, achatamento da região malar e pregas do epicânto. A baixa estatura patológica é possível e, em muitos casos, ocorre uma forma corporal caraterística “baixa e atarracada”. O atraso na fala é comum, independentemente do funcionamento intelectual. A associação mais marcante entre as microdeleções 17q12 e o neurodesenvolvimento é o aumento daprevalência de perturbações do espetro do autismo, com aumento significativo tanto no diagnóstico como nos traços subclínicos. A microdeleção 17q12 tem sido aponta- da como uma das principais causas genéticas dos transtornos do espetro autista de alto funcionamento. As anomalias do sistema reprodutor também estão associadas à microdeleção 17q12, particularmente no sexo feminino. As microdeleção 17q12 tem sido associada a malformações uterinas, na maioria das quais o útero e parte do canal vaginal estão ausentes.

Esta microdeleção 17q12, para além dos sintomas que ocorrem devido a variantes do HNF1B, também tem sido associada a um risco acrescido de perturbações do desenvolvimento neurológico, como o autismo. Algumas pessoas com síndrome de deleção 17q12 têm convulsões e/ou anomalias dos olhos, fígado, cérebro, genitais ou outros sistemas.

A síndrome de microdeleção 17q12 também é herdada de forma autossómica dominante. As pessoas com microdeleções 17q12 têm um fenótipo facial caraterístico, embora subtil e normalmente não óbvio na vida quotidiana. A macrocefalia é comum, juntamente com sobrancelhas altas e arqueadas, achatamento da região malar e pregas do epicânto. A baixa estatura patológica é possível e, em muitos casos, ocorre uma forma corporal caraterística “baixa e atarracada”. O atraso na fala é comum, independentemente do funcionamento intelectual. A associação mais marcante entre as microdeleções 17q12 e o neurodesenvolvimento é o aumento daprevalência de perturbações do espetro do autismo, com aumento significativo tanto no diagnóstico como nos traços subclínicos. A microdeleção 17q12 tem sido apontada como uma das principais causas genéticas dos transtornos do espetro autista de alto funcionamento. As anomalias do sistema reprodutor também estão associadas à microdeleção 17q12, particularmente no sexo feminino.

As microdeleção 17q12 tem sido associada a malformações uterinas, na maioria das quais o útero e parte do canal vaginal estão ausentes.

Síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser

Falha no desenvolvimento normal do útero e da vagina, com função ovárica normal e genitais externos normais. As mulheres com esta perturbação desenvolvem características sexuais secundárias normais durante a puberdade (por exemplo, desenvolvimento mamário e pêlos púbicos), mas não têm um ciclo menstrual (amenorreia primária).

Novos dados demonstram que vários defeitos genéticos diferentes podem causar a síndrome e, neste caso, a doença pode ser considerada de origem multigénica, o que significa que diferentes genes podem ser responsáveis pela síndrome. A síndrome de microdeleção 17q12 (especialmente devido a variantes de LHX1 e HNF1B) pertence às regiões cromossómicas mais relatadas e os possíveis genes implicados.


DIAGNÓSTICO

A presença de anomalias renais bilaterais, hipomagnesemia e/ou anomalias do pâncreas são os indicadores mais específicos da doença, mas nem sempre estes sintomas ocorrem. Os doentes com HNF1B podem também apresentar-se de forma semelhante à doença renal poliquística autossómica recessiva, oligohidrâmnios e rins poliquísticos aumentados de volume. Por vezes, a hipomagnesemiaou anomalias inexplicáveis da função hepática são sintomas solitários.


► O diagnóstico da nefropatia por HNF1B é frequentemente difícil e o diagnóstico diferencial é complexo, uma vez que a doença pode simular uma variedade de outras doenças renais.


O diagnóstico precoce oferece uma melhor hipótese de prestar cuidados médicos adequados, abrandar a progressão da doença e atrasar o desenvolvimento da insuficiência renal.

História familiar

apesar da herança autossómica dominante da doença, a história familiar é frequentemente negativa, ou seja, nenhum dos pais tem a doença e não são portadores de variantes. De facto, o gene sofre frequentemente mutações espontâneas no decurso do desenvolvimento embrionário (variante “de novo”). Também acontece que, devido ao amplo espetro de sintomas da doença, os indivíduos afetados não partilham características comuns, mesmo dentro da mesma família. Por exemplo, a mãe pode apresentar apenas diabetes sem perturbações concomitantes de outros órgãos e a criança pode apresentar quistos renais ou hipoplasia renal.

Exame de ecografia

a ecografia pode detetar quistos renais ou outras malformações do trato urinário ou do sistema reprodutivo. O exame não causa dor e não tem radiações. Os achados de displasia quística renal ou de hiperecogenicidade renal bilateral podem ser altamente indicativos da doença. Nestes casos, é fortemente aconselhada a clarificação do diagnóstico, incluindo uma ecografia renal em ambos os progenitores.

Ressonância magnética

uma técnica de imagiologia que utiliza um campo magnético, permite uma avaliação precisa das características, número, localização e tamanho dos quistos. Pode ser útil para monitorizar a progressão da doença.

Análises ao sangue e à urina

análises regulares permitem avaliar a função renal, identificar possíveis distúrbios eletrolíticos (principalmente níveis baixos de magnésio e potássio), hiperglicemia e diabetes, gota/hiperuricemia, alterações da função hepática.

Teste genético:

A única forma de obter um diagnóstico definitivo da doença é um teste genético que deteta uma variante no gene HNF1B. É necessária uma amostra de sangue do doente para efetuar o teste genético, bem como o consentimento escrito dos pais/tutores legais e/ou do doente maior de idade para a realização do teste.
O teste genético para as variantes do gene HNF1B é recomendado no caso de diabetes de início precoce e de história familiar positiva de diabetes, especialmente se associada a quistos renais ou outras anomalias renais, como distúrbios eletrolíticos.


TRATAMENTO

Ainda não foi desenvolvido um tratamento específico para esta doença, mas um diagnóstico correto feito na primeira infância pode facilitar em grande medida o início de terapias que podem eventualmente retardar a progressão da doença.
Os doentes necessitam de cuidados especializados por parte de nefrologistas, diabetologistas e nutricionistas, assegurando uma terapêutica ótima para o controlo da pressão arterial, dos níveis de glicose no sangue e de outras perturbações secundárias associadas a uma função renal deficiente.

Para muitas pessoas, mesmo com doença renal estabelecida, o tratamento pode não ser necessário durante muito tempo. No entanto, é importante que a função renal, o açúcar no sangue e a pressão arterial sejam monitorizados regularmente.

Testes e consultas

Todos os indivíduos afetados devem fazer uma ecografia renal e um rastreio de anomalias nas provas de

  • função hepática
  • hipomagnesemia
  • hiperglicemia
  •  hiperuricemia

Com base nos resultados da ecografia renal de base e na taxa de filtração glomerular, os doentes podem necessitar

  • ecografias anuais
  • medições periódicas da creatinina sérica
  • exame ginecológico para detetar anomalias uterinas

Todos os indivíduos afetados devem receber 

  • aconselhamento genético adequado antes do planeamento familiar
  • os indivíduos do sexo feminino com anomalias genitais necessitam de uma consulta ginecológica antes da gravidez

Suplementos

A ocorrência de complicações como anemia, acidose metabólica renal ou desequilíbrio eletrolítico é uma indicação para a correção farmacológica das anomalias acima referidas. Se os doentes desenvolverem hipomagnesemia (nível baixo de magnésio no sangue), especialmente se associada a espasmos, recomenda-se a utilização desuplementos orais de magnésio. Alguns doentes necessitam também de suplementos orais de potássio.

Tratamento de quadros clínicos específicos

Gota

Os doentes que desenvolvem gota devem ser tratados com alopurinol para prevenir a recorrência da gota ao longo do tempo.

TIPO MODY 5

A diabetes tipo MODY 5 requer normalmente tratamento com insulina, mas a utilização de modificações na dieta e a terapêutica antidiabética oral podem desempenhar um papel importante na fase inicial do controlo.

A doença renal crónica (DRC)

é a lesão progressiva e irreversível dos rins e, ao longo de meses ou anos, pode levar à insuficiência renal e à necessidade de tratamento
de substituição renal. Não existe uma cura específica para a DRC, mas existem tratamentos que podem abrandar significativamente a progressão da doença se forem iniciados precocemente. São normalmente utilizados vários medicamentos sujeitos a receita médica para gerir os sintomas da DRC ou prevenir complicações numa fase posterior. Alguns ajudam a reduzir a anemia e a hipertensão, outros a nor- malizar o equilíbrio de líquidos e eletrólitos no organismo.

Serão necessárias algumas alterações na dieta, especialmente se a função renal estiver gravemente comprometida. O aconselhamento dietético baseia-se no estadio da doença renal crónica, que varia entre o estádio 1 (compromisso mínimo) e o estádio 5, o estadio mais grave, denominado insuficiência renal terminal.

  • De um modo geral, recomenda-se a redução da ingestão de sódio

    • De acordo com as diretrizes atuais, não exceder o consumo de 6 g de sal por dia (2,4 g de sódio) - cerca de 1 colher de chá - para adultos e 1-2,2 g para crianças e adolescentes.

  • Limitar o consumo de proteínas

    • À medida que a doença progride e a função renal desce abaixo dos 70% do normal, pode ser recomendada uma restrição do consumo de fósforo e potássio, pois ambos os eletrólitos podem prejudicar o organismo quando acumulados.

  • São normalmente utilizados vários suplementos para corrigir os défices nutricionais que podem ocorrer em fases mais avançadas da DRC. Entre os suplementos recomendados:
    • os suplementos de vitamina D e de cálcio são por vezes necessários para prevenir o amolecimento dos ossos (osteomalácia) e reduzir o risco de fraturas ósseas causadas pela deficiência de vitamina D e pela dieta restrita em fósforo. Uma forma ativa de vitamina D, denominada calcitriol, pode também ser utilizada mediante receita médic

    • Os suplementos de ferro são utilizados para tratar a anemia que surge habitualmente nos estádios 3 e 4 da DRC. Nos estádios 4 e 5, pode ser necessária a administração intravenosa de suplementos de ferro para as pessoas que não respondem à terapêutica oral.

Diálise e Transplantação

Que nem todos os doentes com nefropatia por HNF1B irão necessariamente evoluir para insuficiência renal e nem todos irão necessitar de diálise ou transplante renal.

Embora os quistos estejam frequentemente presentes no início da vida, a maioria das crianças tem um aumento lentamente progressivo. Apresentam uma perda muito lenta da função renal, com uma redução média de TFGe de 0,33 mL/min/1,73 m2/ano. Os doentes que tenham um maior aumento dos quistos ao longo do tempo podem apresentar um declínio mais acelerado da TFGe de aproximadamente 3 mL/min/1,73 m2/ano. Muitos doentes necessitarão de tratamento medicamentoso ao longo de toda a vida, como injeção de insulina, suplementação de magnésio e/ou potássio e correção farmacológica dos distúrbios resultantes da função renal comprometida. Em alguns casos, o desenvolvimento de doença renal em fase terminal exigirá tratamento de substituição renal com diálise ou transplante renal.

Os doentes com nefropatia por HNF1B têm um bom prognóstico associado ao transplante renal.

Todos os doentes submetidos a trans- plante renal necessitam de tratamento imunossupressor para evitar a rejeição do transplante. Os imunossupressores comuns estão associados a um risco acrescido de diabetes, facto que pode limitar a escolha do tratamento imunossupressor em doentes com nefropatia por HNF1B. Além disso, os corticóides devem ser reduzidos o mais cedo possível para diminuir o risco adicional de desenvolver diabetes. Transplante de rim e de pâncreas pode ser considerado nos doentes com insuficiência pancreática e renal concomitante.

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Quais são as perspetivas futuras de tratamento e de qualidade de vida?

A penetrância incompleta e uma apresentação clínica variada dificultam o diagnóstico e a previsão da evolução clínica em doentes com doença associada ao HNF1B.
Uma vez efetuado o diagnóstico, é provável que sejam realizados outros exames para detetar múltiplas anomalias potencialmente associadas à doença.

Em geral, são indicados controlos clínicos periódicos ao longo de toda a vida:

  • avaliação da pressão arterial;
  • medidas antropométricas (altura, peso corporal, cálculo do índice de massa corporal);
  • exames laboratoriais para avaliar a função renal, a função hepática, os distúrbios lipídicos e a diabetes/intolerância à glicose;
  • exame de ecografia dos rins/trato urinário/genitais.

A frequência dos exames depende do tipo e da gravidade das anomalias encontradas, bem como do estadio de desenvolvimento. Estes controlos serão mais frequentes durante os períodos de crescimento intenso, ou seja, na primeira infância ou na adolescência, ou em caso de problemas identificados que possam necessitar de uma avaliação frequente.

Na adolescência ou no início da idade adulta, pode ser muito benéfico para os doentes encontrarem um grupo de apoio, recorrerem à ajuda de um psicólogo ou estabelecerem contactos com outras pessoas afetadas pela mesma doença.

É importante manter

  • o hábito de alimentação saudável e um estilo de vida ativo
  • reduzindo assim o impacto de outros factores ambientais e comportamentais adversos com efeito na progressão da doença, como a obesidade ou o tabagismo.

O que é que pode fazer pelos seus rins?

Como viver com a doença?

A nefropatia HNF1B é uma doença hereditária, o que significa que a sua ocorrência é condicionada por informações alteradas armazenadas no seu material genético. Infelizmente isto não pode ser alterado, mas através de um estilo de vida correto, dieta e cumprimento das recomendações médicas, é possível atrasar a progressão da doença. Atrasar a progressão da doença ou a necessidade de iniciar diálise ou realizar um transplante renal é um objetivo pelo qual vale a pena lutar.

Mas aprenda a viver com o diagnóstico e a proteger os seus rins.

Se necessário, cuide da toma regular de medicamentos.

 

A função mais importante dos rins é filtrar o sangue e eliminar as toxinas. Se não cuidar de uma hidratação adequada, os resíduos perigosos começarão a acumular-se no seu corpo e a causar graves problemas de saúde - mesmo devido a uma má perfusão sanguínea, o rim pode sofrer danos. A quantidade média de líquidos que deve ingerir em condições normais é de cerca de 1,5-2 litros por dia. A necessidade de água é influenciada pela idade, saúde, função renal, peso corporal, clima e atividade física. Siga os conselhos do seu médico, que lhe dirá qual é o melhor para si, uma vez que, em caso de doença renal avançada, os doentes podem ser obrigados a beber menos de 0,5 litros por dia.

os chamados medicamentos nefrotóxicos - que incluem, entre outros, os anti-inflamatórios não esteróides de uso corrente (aspirina, ibuprofeno ou naproxeno). Os medicamentos deste tipo devem ser utilizados de acordo com as instruções, nas doses mais baixas possíveis e durante o menor tempo possível. Estes medicamentos reduzem o fluxo sanguíneo nos rins e afetam o seu funcionamento. Até mesmo uma doença grave conhecida como nefrite intersticial pode ser uma consequência da toma deste tipo de medicamentos durante demasiado tempo. Por conseguinte, é importante procurar aconselhamento junto de um nefrologista sobre quais os medicamentos que devem ser evitados ou quando ajustar as doses dos medicamentos ao grau de função renal.

O excesso de ingestão de sal pode provocar retenção de água no organismo, aumentar a pressão arterial e a quantidade de proteínas contidas na urina, para além de poder acelerar a progressão da doença renal. A dose diária recomendada de sal para adultos é de, no máximo, 6 g, aproximadamente uma colher de chá. No entanto, é bastante comum consumir uma média de 8 g por dia, a maioria dos quais provém de produtos processados industrialmente. Apenas cerca de 20% da ingestão de sódio provém do sal adicionado aos alimentos durante a preparação ou à mesa. Os 10 principais alimentos ricos em sal são: Carnes fumadas, processadas e curadas (fiambre, bacon, salsichas e linguiças), peixe, snacks salgados, molhos para salada, molhos pré-embalados, alimentos congelados, sopas pré-cozinhadas e queijo.

Deve limitar o consumo deste tipo de produtos.

  • salad dressings
  • sauces prepackaged
  • frozen foods
  • canned pre-made soups

 A falta de movimento e a falta de atividade física promovem a resistência à insulina e a obesidade, que também levam ao desenvolvimento da hipertensão. A obesidade sobrecarrega ainda mais o trabalho dos rins e do coração e acelera a progressão da doença.

O tabagismo, tanto ativo como passivo, é um fator de alto risco para a progressão da aterosclerose, que também pode envolver as artérias dos rins. A estenose da artéria renal é uma das causas mais comuns de doença renal terminal (a chamada nefropatia isquémica). O tabagismo é também um fator de risco para o desenvolvimento de cancro do pulmão, dos rins e das vias urinárias (por exemplo, cancro da bexiga). Os efeitos a longo prazo do tabagismo têm muitas outras consequências adversas para a saúde que afetam indiretamente a função renal.

A retenção urinária promove o crescimento e a multiplicação de bactérias no trato urinário, o que pode causar ainda mais problemas renais.

Tenha em consideração os seus potenciais constrangimentos, mas não desista dos seus objetivos e realize os seus sonhos.

 

CUIDADOS ADICIONAIS DE SUPORTE

Em caso de dúvidas ou pedidos de apoio, não hesite em falar com o seu médico pediatra, nefrologista pediátrico ou nefrologista de adultos.


Recomendamos que discuta a evolução da doença com o seu médico, uma vez que a progressão da doença é muito variável e depende de vários factores.Em muitos países, existem grupos de apoio para doentes com doenças renais. A troca de informações e de experiências pode ser muito útil para os doentes e para as suas famílias. Na nossa área dedicada aos doentes da ERKNet pode encontrar a ligação para as organizações de doentes.

GLOSSÁRIO

CAKUT (Anomalias Congénitas do Rim e do Trato Urinário) 


são malformações do sistema urinário presentes desde o nascimento (congénitas). Em alguns casos, dependendo dos problemas exatos envolvidos, os doentes com CAKUT podem apresentar sintomas apenas mais tarde na vida, noutros casos os doentes com CAKUT podem desenvolver condições com risco de vida desde a infância.

   

DRC (doença renal crónica)

é uma lesão progressiva e irreversível dos rins que, ao longo de de meses ou anos, pode levar à insuficiência renal. Não existe cura para a DRC, mas existem tratamentos que podem abrandar significativamente a progressão da doença se forem iniciados precocemente.

   

Creatinina

é um resíduo normal do corpo derivado dos músculos. A medição do seu nível no sangue é utilizada para avaliar a função renal. A maioria das estimativas da TFG baseia-se no nível de creatinina no sangue. Quanto mais elevada for a concentração de creatinina no sangue, pior é a função renal. Para além da função renal, o nível sanguíneo depende da massa muscular.

   

Criptoquidia

é a incapacidade de um ou de ambos os testículos descerem para o escroto. É o defeito de nascença mais comum do trato genital masculino.

   

Cistatina C

é uma proteína, e a medição do seu nível é utilizada para avaliar a função renal (análise ao sangue). É produzida por todas as células que contêm um núcleo. É filtrada livremente através dos glomérulos, sendo depois reabsorvida e completamente decomposta. O seu nível no sangue está correlacionado com a taxa de filtração glomerular. Uma vez que a sua concentração depende ligeiramente da idade, do peso, da altura e da massa muscular. A medição da concentração de cistatina C é utilizada eficazmente para avaliar a taxa de filtração glomerular, utilizando fórmulas adequadas.

   

Quisto 

é um saco fechado de tecido membranoso que contém líquido, ar ou outras substâncias.

   

Diálise 

é um método para remover artificialmente os resíduos metabólicos e o excesso de líquido do sangue. Existem dois tipos principais de diálise: a hemodiálise e a diálise peritoneal. No caso da hemodiálise, o sangue é bombeado através de um filtro utilizando uma máquina externa. A diálise peritoneal envolve a administração e remoção repetidas de líquido de diálise para dentro/para fora do abdómen, o que também limpa o sangue.

   

Electrólitos

são minerais presentes no organismo. Têm um papel essencial na função nervosa e muscular, no equilíbrio da acidez do sangue, na hidratação do corpo e participam na reconstrução dos tecidos danificados. Os mais importantes são o sódio, o cálcio, o cloreto, o fosfato, o potássio e o magnésio; encontram-se na corrente sanguínea, na urina e noutros fluidos corporais. O desequilíbrio dos electrólitos pode levar a perturbações graves.

   
Doença renal terminal 

é a forma mais grave de doença renal, quando os rins deixam de funcionar (podem, no entanto, continuar a produzir urina de muito máqualidade). Isto significa que é necessária uma terapia de substituição dos rins (diálise ou transplante renal).

   
Gene

é a unidade genética que contém a instrução (“receita”) de como produzir cada proteína no organismo.

   
Gota

é um termo geral para uma variedade de condições causadas por níveis persistentemente elevados de ácido úrico no sangue. À medida que o ácido úrico cristaliza e os cristais se depositam nas articulações, tendões e tecidos circundantes pode resultar num ataque de gota com articulações vermelhas, sensíveis, quentes e inchadas.

   

Hiperuricemia 

ocorre quando o organismo produz demasiado ácido úrico ou não o elimina em quantidade suficiente. Um excesso de ácido úrico no sangue pode levar à formação de cristais nas articulações e nos tecidos, o que pode causar inflamação e sintomas de gota.

   

TFG (taxa de filtração glomerular)

descreve a taxa a que os rins filtram os produtos residuais do sangue. A TFG é normalmente superior a 90 mL/min/ 1,73 m2; um valor inferior indica uma função renal afetada. Um valor inferior a 30 mL/min/1,73 m2 corresponde a uma doença renal grave, sendo necessária

   
Transplante de rim 

é a cirurgia que consiste em colocar um rim saudável numa pessoa cujo rim deixou de funcionar (doença renal em fase terminal).

   
Criptoquidia

é a incapacidade de um ou de ambos os testículos descerem para o escroto. É o defeito de nascença mais comum do trato genital masculino.

   
Kidney transplantation means the surgery putting a healthy kidney into a person whose kidney has stopped working (end-stage renal disease).
   

Túbulo renal

é uma parte do nefrónio, onde a urina primária proveniente do glomérulo é modificada pela reabsorção e secreção de moléculas. Nos túbulos, cerca de 150 litros de urina são modificados, resultando em cerca de 1,5 litros de urina excretada na bexiga por dia. O túbulo é constituído por várias secções: túbulo proximal, ansa de Henle, túbulo distal e ducto coletor.

   

Nefrónio

é uma unidade funcional e estrutural básica do rim. É constituído por duas partes: o filtro renal (glomérulo) e o túbulo onde ocorre a reabsorção.

   
Nictúria

significa urinar durante a noite, ao acordar do sono; tipicamente causada por um aumento da produção noturna de urina.

   

Hormona paratiroideia (PTH)

é uma hormona libertada pelas glândulas paratiroides para controlar os níveis séricos de cálcio através dos seus efeitos nos ossos, rins e intestino. A PTH influencia a remodelação óssea, que é um processo contínuo em que o tecido ósseo é alternadamente reabsorvido e reconstruído ao longo do tempo. A PTH é segregada em resposta a um nível baixo de cálcio (Ca2+) no sangue. Também controla os níveis de fósforo e de vitamina D. Se o corpo tiver demasiada ou pouca hormona paratiroide, podem ocorrer sintomas relacionados com os níveis anormais de cálcio no sangue.

   

Polidipsia

significa um consumo excessivo de água Pode ser um sintoma de várias doenças que provocam perdas de água e resultam numa sede excessiva.

   

Poliúria

é uma produção anormalmente grande de urina (por exemplo, mais de 3 litros por dia em adultos).

   
Proteinúria

é a presença de quantidades anormais de proteínas na urina, o que pode indicar danos nos rins.

   

Renoprotecção

são as medidas tomadas para evitar lesões nos rins por qualquer causa.

   

Tubulopatias

são doenças renais em que a função tubular renal está comprometida enquanto os glomérulos funcionam normalmente.

   
Ácido úrico 

é um produto residual do organismo. É criado quando o corpo decompõe substâncias químicas chamadas purinas. A maior parte do ácido úrico dissolve-se no sangue, passa pelos rins e deixa o corpo através da urina. Ter algum ácido úrico no sangue é normal. No entanto, se os níveis de ácido úrico se situarem acima ou abaixo de um intervalo saudável, isso pode resultar em problemas de saúde. Em níveis elevados, o ácido úrico cristaliza e os cristais depositam-se nas articulações, tendões e tecidos circundantes resultando num ataque de gota.

REFERÊNCIAS

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